As coisas que eu precisava dizer sobre o fim de HIMYM

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*Spoiler alert, obviously!

 

O episódio final de How I Met Your Mother causou reações extremas nos fãs da série — o que era de se esperar, dado o tempo que todos estão esperando por várias respostas. Minha opinião, porém, é ponderada. Principalmente porque eu vi duas coisas nessa finale — o que a série poderia ter sido e o que ela realmente foi.

Dá para ver que essa era a ideia dos criadores quando eles fizeram o piloto. Indício que eles sabiam anteriormente que esse seria o final da série é a cena final, com os filhos — que foi gravada anos atrás, antes que os atores crescessem demais. Inclusive por isso a dinâmica do diálogo deles com o Ted está meio travada nesta cena, me parece. Só me pergunto se fizeram mais de uma alternativa de final com os atores na época, para que eles não soubessem o fim.

Bom, se esse era o final imaginado desde o início, explica por que a história começou com “and that’s the story of how I met your aunt Robin”. Faz sentido. Também explica por que na concepção original dos criadores a mãe só apareceria no último episódio da série. Ia aparecer essa mulher que nunca vimos antes, da qual provavelmente saberíamos muito pouco, e cortaria para a cena final com os filhos. Eu lembro que, antes de começar a nona temporada, quando eles anunciaram que essa era a ideia original que eles haviam abandonado, eu achei que seria revoltante — como assim o Ted vai acabar com uma pessoa que a gente nem vai chegar a conhecer? Agora faz sentido.

O problema é que uma série com um final definido não tem longevidade de nove temporadas. Se tivéssemos visto esse final depois de quatro ou cinco temporadas, em um momento em que não tivessem sido esgotadas todas chances entre Ted e Robin; em que ele não tivesse dito infinitas vezes que amava ela, e ela infinitas vezes que não amava ele; em que não tivéssemos aprendido a gostar mais deles como amigos do que como casal; em que a série ainda não tivesse passado anos tentando nos convencer que Robin e Barney deveriam ficar juntos; em que não estivéssemos tão desesperados por conhecer a mãe… teria sido diferente.

Eu gosto da combinação Piloto + Finale. Gosto da ideia que motivou a série. Sempre tive uma queda por Ted e Robin. E gosto da ideia de que tanto a mãe quando a Robin são amores da vida do Ted. Mas acho que o constante alongamento da série fez com que o final se tornasse menos satisfatório para a maioria. Mesmo que eles tivessem mantido o fôlego narrativo e cômico sem perder qualidade ao longo dos anos, no fim inevitavelmente aconteceria uma ruptura depois de tudo que passamos com esses personagens.

E isso que eu particularmente nunca liguei tanto assim para a mãe — estava mais interessada em ver a vida dos personagens do que em finalmente conhecer a futura esposa do Ted.  E no espírito de “the journey is the best part”, vou falar um pouco do que How I Met Your Mother acabou sendo na realidade, pelo menos para mim.

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Li em um texto que diz que no fim das contas descobrimos que a Robin era a soul mate do Ted all along. Discordo. Para mim a Tracy é a Linda McCartney dele — os dois se conhecem nas circunstâncias mais incríveis, são perfeitos um para o outro, vivem felizes e conquistam tudo que queriam da vida. Ted finalmente encontra “the one”, e a Tracy descobre que pode existir “more than one”. E gosto do que o Huffington Post aponta — Ted estava tão ocupado vivendo e sendo feliz que demorou sete anos para finalmente se casar, o que costumava ser o grande sonho dele.

Se ela não ficasse doente, eu acredito que eles viveriam “felizes para sempre” — com os problemas e dificuldades de qualquer casal, mas acredito que ficariam juntos e seriam felizes. Talvez quem sofresse nesse cenário fosse a Robin, que viu seu casamento com Barney acabar e, apesar de ter grande sucesso na carreira começou a sentir um vazio. Na vida caótica dela talvez não houvesse espaço para conhecer alguém novo — e com todas as fobias de relacionamento que ela já tinha e os traumas que passou, ela talvez nem estivesse aberta a isso.

O que aconteceu pra mim foi que o plano que o Ted e a Robin haviam abandonado, do “if we’re still single at 40”, acabou se realizando por linhas tortas. Os dois encontraram pessoas que amaram mais do que um dia haviam amado um ao outro, e por razões diferentes perderam esses relacionamentos. Na minha opinião, o relacionamento dos dois depois de todos esses anos é um consolation prize — talvez seja um maravilhoso consolation prize, mas não é um reencontro do destino que sempre havia sido meant to be. E isso é ok — a vida acontece, a gente muda, perde coisas e pessoas, e é preciso move on.

Esse final foi a definição de bittersweet. E eu gosto de bittersweet, então não, não fui uma das pessoas que odiou o final. Acho que várias coisas podiam ter sido melhor executadas… principalmente a última temporada como um todo (o que sim, eu odiei a maior parte do tempo — os pontos de luz geralmente eram as aparições da mãe). Estou demorando um pouco para processar, e fica um pouco do gosto amargo na boca. Mas decidi focar no sweet — antes de dormir liguei o Piloto no Netflix e fui relembrada de “how Ted met aunt Robin” e de quão ingênuos éramos todos nós nove anos atrás.

No que diz respeito a consolation prizes, sempre torço para que Paul e Nancy sejam eternamente felizes. Adiciono Ted e Robin à minha lista agora.

 

 

P.s.: POR QUE precisavam imortalizar a Robin na cena final com aquele cabelo HORROROSO? Se algum dia eu quiser fazer aquele corte, não me deixem, por favor…

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